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Márcio May pedala tranquilo e ratifica o tetracampeonato no 19º Tour de Santa Catarina

O catarinense Márcio May ratificou neste feriado de 7 de setembro em São Francisco do Sul o tetracampeonato no 19º Tour de Santa Catarina, um dos eventos de longa distância mais tradicionais do ciclismo brasileiro. Apesar de toda a experiência, com 18 anos de “estrada”, o ciclista da equipe Scott/ Marcondes César/ Fadenp/ São José dos Campos teve de superar a ansiedade nos 77,5 km da etapa final entre Joinville e São Francisco do Sul.

“Estava ansioso. Sempre podemos acertar algo, como um buraco ou pedra. Mas estava atento a tudo e a equipe esteve o tempo todo junto comigo para que nada saísse errado”, disse o novo tetracampeão, que teve uma grande recepção na chegada, com vários familiares, incluindo sua mulher, Luciane, sua filha Carolina e até mesmo o seu avô, Crescêncio Niehues, de 84 anos.

“Tinha muita gente. Foi uma grande emoção”, destacou May, que classificou a vitória como a mais dura das quatro conquistadas. “Nos dois primeiros anos que eu ganhei, em 97 e 98, eu estava na Caloi, a nossa equipe era muito forte e não tinha muita briga por colocações. Fazíamos os três primeiros lugares. Depois, em 2002, herdei o título com a desclassificação do Evandro Portela e nem teve festa. Desta vez não. Foi duro, estavam vários rivais de alto nível e todos na cola”, comentou.

Nesta última etapa, May fez uma prova tranqüila, pedalando no meio do pelotão, sempre “escoltado” pelos companheiros da Scott. “A equipe veio puxando o tempo todo e os gêmeos Morandi (Maurício e Fabrício), que têm um tamanho parecido com o meu, estavam junto no caso de algum problema me emprestar a bicicleta. Mas deu tudo certo”, contou o ciclista, que mora em Brusque. A vitória na prova ficou com Márcio Pinto, da DataRo/Blumenau, que faturou o título por equipes e ainda levou o 2º e 3º lugares individuais, com Pedro Nicácio e Evandro Portela.

TETRA FOI DEFINIDO NO CONTRA-RELÓGIO - O tetracampeonato de Márcio começou a ser desenhado ainda no 2º dia de disputas (quinta-feira, dia 1º), quando subiu muito bem a temida Serra do Rio do Rastro e garantiu o 3º lugar na etapa entre Braço do Norte e São Joaquim, que está a 1.360 metros de altitude e é considerada a cidade mais fria do Brasil. Com o resultado assumiu a vice-liderança do ranking. No dia seguinte assumiu a liderança com um novo 3º lugar entre São Joaquim e Bom Retiro.

E no domingo (dia 4) deu o passo decisivo, vencendo a prova de contra-relógio individual, com 24,2 km em Rio do Sul, abrindo nada menos que 1 minuto e 35 segundos sobre Pedro Nicácio. Essa diferença foi ampliada em mais 6 segundos com a 2ª colocação na etapa entre Rio do Sul e Pomerode, no dia seguinte.

Depois, foi só administrar o resultado. “A equipe ajudou muito e quero dedicar esse título aos meus fãs, que torceram muito, votaram na internet”, comentou Márcio May, que das 19 edições realizadas do Tour, participou de 16. No total, o 19º Tour de Santa Catarina, que integra o calendário da União Ciclística Internacional, teve 679,4 km divididos em oito dias.

O grande resultado gerou animação para dois grandes objetivos futuros – os Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007, e a 4ª participação olímpica, em Pequim 2008. “Minha atuação foi muito boa. Estive bem na subida de montanha, no contra-relógio. Mostrei que estou muito bem e quero representar o Brasil”, afirmou.

“Sobre os Jogos Olímpicos ainda é cedo para uma avaliação, mas se estiver me sentindo bem, vou batalhar para isso”, argumentou. Agora, ele se prepara para outro compromisso importante, o Mundial Profissional de Estrada, dia 25 deste mês em Madrid, na Espanha, atuando pela seleção brasileira.

Aos 33 anos de idade, Márcio May começou em 1987 em sua cidade natal, Salete. Teve grandes momentos nas equipes Metalciclo, de Rio do Sul, na Caloi e na Memorial-Santos. Além do tetra no Tour de Santa Catarina, tem como grandes resultados as três participações em olimpíadas, o bicampeonato na Volta do Rio, a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 99, e o sul-americano de contra-relógio em 2002.