De braços abertos para os desafios

Ciclista Breno Sidoti, de Cruzeiro, está de malas prontas para a Itália, onde vai competir na nata do esporte e encarar uma nova vida

Liv Taranger Cruzeiro

Dizem que com um passo de cada vez se alcança um sonho. No caso do cruzeirense Breno Sidoti foi de pedalada em pedalada. O campeão da Copa Pan Americana de Ciclismo (2005) está de malas prontas para Itália. Nesta quarta-feira, ele embarca para integrar a equipe ÍMA.

Antes mesmo de arrumar a mudança, o jovem --ele tem apenas 22 anos-- recebeu o ValeParaibano para um bate-papo animado. Afinal, entusiasmo não falta para o atleta que conquistou um dos sonhos de infância: morar em um dos países que possui a elite do esporte.

Simples com jeito de garoto de interior --adora sua cidade e diz não se envergonhar de suas origens--, Breno contou seus objetivos, desafios e outras curiosidades que você confere abaixo.

Foto: Breno na Serra da Mantiqueira

Como estão os preparativos para a viagem?
Ainda não tive muito tempo para pensar. A gente sempre acaba deixando tudo para a última hora.

Tem alguma coisa em especial que vai levar na bagagem?
A imagem de Nossa Senhora, que fui comprar na Basílica. Também vou levar uma pulseirinha do Brasil, para quem sabe, quando levantar o braço para a vitória, mostrar a bandeira do meu país.

Você acha que vai sentir algum tipo de preconceito na Europa?
Com certeza. Já competi lá e os italianos têm uma auto-estima muito grande. Mas será um incentivo a mais para eu me superar.

Qual será o maior desafio?
Entendo um pouco de italiano, meu pai era italiano. Então o maior desafio será o clima. Vou sair do forno para ir para o freezer. Em cima da bicicleta não tem muito mistério, porque é o que sei fazer de melhor.

Qual a sua expectativa?
É uma oportunidade única na minha vida. Eu perseguia este sonho desde pequeno. Penso que já sou um vencedor só por conseguir ir até lá.

Li que você é precoce e muito novo para o que conquistou...
É, tenho no mínimo uns 10 anos pela frente. Fiz um trabalho muito sólido na minha carreira. Sempre fui muito disciplinado, quando era para treinar eu não saía.

Como é lidar com altos e baixos, pois tem dia que não estamos bem.
Isto faz parte. A vida também nos prega muitas peças. Em 2001, fui atropelado e quebrei a perna. Foi muito trágico, pois não sabia se iria conseguir voltar.

E de onde veio a força para superar este acontecimento?
Meu pai me apoiou muito. Lembro que em um dia no hospital ele levou umas revistas de ciclismo para mim e a enfermeira disse: "você tá maluco, ainda está pensando em voltar?". Logo respondi: "mas é lógico!"

Como foi a recuperação?
Quatro meses depois tive uma prova (o Brasileiro) fundamental que ganhei. Aí pensei: acho que ainda estou na área!

Quais são os seus objetivos?
O primeiro da lista é ir para a Europa.

E o próximo?
Me adaptar e buscar vitórias para poder entrar na elite do ciclismo mundial.

Qual foi um momento marcante?
Foi a Copa Pan-Americana, a prova mais importante que venci Além de ter sido televisionada, foi a última prova a que meu pai assistiu.

O que vem na cabeça na hora do sprint final?
Defino como um êxtase em que você libera toda a energia do trabalho realizado.

Tem alguma superstição?
Só faço o sinal da cruz na largada.

Qual a sua característica como atleta?
Acho que sou muito determinado.

O que gosta de fazer nas horas vagas?
Cultivar bonsai e cuidar do aquário que tenho. Gosto de fazer coisas tranqüilas.

Com tanto treino, sobra tempo para namorar?
Se eu te falar você não acredita: arrumei uma namorada a um mês de ir para a Itália.

E agora? De onde ela é?
Ela é daqui. Nós estamos conversando muito. Vamos continuar. A distância é um empecilho mas vamos tentar.

Fonte: Vale Paraibano