Bikemagazine: Como você se tornou treinador de ciclismo?
Cláudio Diegues: Por estar sempre ligado à modalidade desde
pequeno por conta de meu pai, Hilário Diegues, que fundou a Liga
Santista de Ciclismo e foi presidente da Federação Paulista. Formei-me
em Educação Física em 1991, daí passar a ser técnico foi um caminho
natural.
Bikemagazine: Você foi atleta no passado? Quais suas principais
conquistas?
Cláudio Diegues: Sim, fui atleta. Competi de 1985 a 1992,
quando me formei na Faculdade e fui tentar a vida na Europa. Competi
apenas por equipes de Santos: Clube Tricanas de Coimbra, Associação
dos Funcionários da Cosipa e Santos F.C.
Bikemagazine: Qual modalidade do ciclismo você mais gosta?
Cláudio Diegues: É difícil dizer uma. Posso colocar que
a pista é muito dinâmica e empolga! Porém o clássico sem dúvida
é a estrada, com todas as suas variáveis e dificuldades.
Bikemagazine: Na sua opinião, por que o ciclismo no Brasil não tem
a mesma importância e destaque que em países europeus?
Cláudio Diegues: Penso que a falta de continuidade na modalidade
das gerações seguintes dos imigrantes europeus, além é claro da
dimensão que o futebol tomou em nosso País aliada à falta de um
grande ídolo, que tenho certeza de estarmos perto de tê-lo.
Bikemagazine: Quantos por cento do sucesso de um atleta vem da genética
e quantos por cento vêm de treinamento adequado, dedicação, garra
e comprometimento?
Cláudio Diegues: Coloco 50% para cada lado, apesar de achar
fundamental o lado psicológico num atleta de endurance para seu
resultado final, principalmente nas grandes Voltas.
Bikemagazine: Quais as metas principais que você estabeleceu para
sua equipe na temporada 2006?
Cláudio Diegues: Hoje com o ciclismo nacional evoluindo
muito, nossos parceiros têm um peso fundamental na decisão de metas
e objetivo. Posso dizer que o ranking nacional, pelo lado da empresa,
e os Jogos Abertos do Interior, pelo município, serão sempre nossas
principais metas. Principalmente porque, se você figura entre as
três melhores equipes do ranking, com certeza você terá uma temporada
com vitórias.
Bikemagazine: Na hora de você escolher um novo atleta para sua equipe,
além dos resultados dele, o que mais você leva em conta?
Cláudio Diegues: Acredito sempre na união do grupo, e para
que isto aconteça temos que ter acima de tudo homens ao nosso lado.
Portanto caráter e boa índole são indispensáveis.
Bikemagazine: Cite três qualidades que obrigatoriamente fazem parte
de um grande ciclista.
Cláudio Diegues: Sorte (acompanhada de treinamento), inteligência
e superação da dor.
Bikemagazine: Cite três jovens ciclistas (da Sub-23 ou mais jovem)
que você considera um futuro talento no esporte.
Cláudio Diegues: Magno do Prado, Thiago Fiorilli e Roger
Ferraro.
Bikemagazine: Até que ponto uma boa bike (top de linha em todos
os apectos) é importante para a performance de um atleta?
Cláudio Diegues: Com a atual tecnologia é indispensável
o bom equipamento quando falamos de ciclistas de Elite. Para que
todo o seus esforço em treinamentos e planificações possam trazer
uma melhor performance. Um bom material é essencial para o desenvolvimento
de qualquer atleta, seja na modalidade que for.
Bikemagazine: Para você quem é o favorito a vencer a próxima edição
da Volta da França na era pós-Armstrong?
Cláudio Diegues: Gosto muito do Ullrich, pois foi o único
a tentar destronar Lance, mesmo não estando em suas melhores condições.
Acredito que nos dois últimos Tour de France, haviam ciclistas melhores
preparados para tal, porém foram por demais omissos e sequer tentaram.
Devemos sempre aplaudir a Pantani e Ullrich que foram os únicos
a tentarem atacar Lance, e não esperar sua retirada para vencer
a maior prova do mundo. |