Bikemagazine: Como você se tornou treinador de ciclismo?
Claudius Kruger: Foi por acaso. Eu corria por uma equipe
aqui de Santa Catarina, a Schlösser, de Brusque. De repente a equipe
ficou sem técnico e eu era o ciclista com mais bagagem no momento.
Mas sempre gostei de me aprimorar, com 14 anos já havia lido dois
livros sobre ciclismo (em espanhol, pois não havia nada em português
até então) e sempre procurei me informar com os ciclistas mais experientes,
isso ajudou muito.
Bikemagazine: Você foi atleta no passado? Quais suas principais
conquistas?
Claudius Kruger: Sim, fui atleta e me destaquei mais quando
Júnior. Tenho muitas medalhas de campeonato brasileiro, ouro, prata
e bronze, até defendi o Brasil em um mundial (Marrocos) e fui 23º
colocado . Depois tive medalhas em Campeonatos Paulista, Jogos Abertos
e fui terceiro colocado na I Volta de SC. As equipes que defendi
foram: CME Pomerode, WEG, Duque, Schlösser, Caloi e Blumenau.
Bikemagazine: Qual modalidade do ciclismo você mais gosta?
Claudius Kruger: Bom, o que eu gostava mesmo era do revezamento
4 x 1 00 km. Para assistir acho que não tem nada melhor que a prova
de 4 x 4000m na pista. Mas o que manda mesmo no mercado são as Voltas
ciclísticas.
Bikemagazine: Na sua opinião, por que o ciclismo no Brasil não tem
a mesma importância e destaque que em países europeus?
Claudius Kruger: Isso não tem discussão. O Brasil é o país
do futebol e ponto final. Mas o ciclismo vem ocupando o seu espaço,
e vem rápido...
Bikemagazine: Quantos por cento do sucesso de um atleta vem da genética
e quantos por cento vem de treinamento adequado, dedicação, garra
e comprometimento?
Claudius Kruger: Ah , isso posso falar com segurança, meus
anos de ciclismo trabalhando com todos os tipos de indivíduos me
garantem sabedoria nesse assunto. A genética faz muita diferença
até os 18 anos de idade, qualquer tipo de treinamento surte efeito,
mas depois disso se não comer certo, se não dormir o suficiente
e não treinar corretamente. . . adeus aos resultados. Mas, falando
em números, vamos colocar assim: 60% para genética.
Bikemagazine: Quais as metas principais que você estabeleceu para
sua equipe na temporada 2006?
Claudius Kruger: Essa equipe vai ter a obrigação de andar
bem em todas as Voltas. Não seria admissível de outra forma, porém
vamos escolher dois momentos no ano onde queremos ser os melhores,
mas quais são esses momentos, eu não gostaria de revelar.
Bikemagazine: Na hora de você escolher um novo atleta para sua equipe,
além dos resultados dele, o que mais você leva em conta?
Claudius Kruger: Não agüento mais ciclistas que não sejam
sociáveis com o resto do grupo.
Bikemagazine: Cite três qualidades que obrigatoriamente fazem parte
de um grande ciclista.
Claudius Kruger: Dedicação, inteligência e integração ao
grupo.
Bikemagazine: Cite três jovens ciclistas (da Sub-23 ou mais jovem)
que você considera um futuro talento no esporte.
Claudius Kruger: Roger Ferraro sem dúvida tem potencial
e conta com a experiência do pai ex-profissional. Vejo futuro também
em Flavio Reblin, ele tem se destacado mais no MTB, porém quando
ele tiver idade para correr as Voltas será conhecido. E o bola da
vez é o Breno Sidotti, que vai tentar a sorte na Itália. Estamos
torcendo.
Bikemagazine: Até que ponto uma boa bike (top de linha em todos
os apectos) é importante para a performance de um atleta?
Claudius Kruger: Tem muita importância a angulação da bike.
O ciclista deve se sentir bem acomodado sobre a bicicleta, o peso
de 100 ou 200 gramas a mais não é o diferencial. Vale mais o treino
e dedicação.
Bikemagazine: Para você quem é o favorito a vencer a próxima edição
da Volta da França na era pós-Armstrong?
Claudius Kruger: Bem, como sou alemão, devo ter uma preferência
natural pelo Ullrich, mesmo ciente de que ele talvez não mereça,
mas eu prestaria muita atenção ao Alexander Vinokourov, acho que
ele leva esse ano. |